Despedimentos nos <i>media</i><br>têm reflexos na democracia

COMUNICAÇÃO SOCIAL O PCP repudia o despedimento de 80 jornalistas e outros profissionais no grupo Cofina e cerca de 20 na SIC, este último seguindo-se a um outro semelhante, em Novembro, na Visão.

O direito ao trabalho é jogado na roleta dos interesses económicos

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Num comunicado de dia 10 do seu Gabinete de Imprensa, o PCP manifesta a sua solidariedade aos trabalhadores abrangidos pelos despedimentos colectivos e apela à sua mobilização, unidade e luta em defesa dos seus postos de trabalho. Do Governo reclama medidas que «impeçam o livre arbítrio do patronato no sector» e a adopção de políticas que «valorizem o serviço público e combatam a concentração da propriedade dos órgãos de comunicação social». Quanto à sua própria iniciativa, o Partido deixa o compromisso de levar por diante as que considere úteis para «denunciar e impedir» a concretização dos despedimentos, nomeadamente suscitando a intervenção do Governo e da Autoridade para as Condições de Trabalho.

Traçando um panorama geral do sector, o PCP realça que estes despedimentos colectivos se juntam à ameaça de encerramento de títulos, dispensas de pessoal, degradação de condições de trabalho, precariedade e baixos salários e redução de meios das empresas prestadoras de serviço público, no caso a RTP e a Lusa. Para além do agravamento da exploração dos trabalhadores, estes factores influem também na «qualidade e pluralismo da comunicação social em Portugal, com reflexos na vida democrática do País».

No caso do grupo Cofina (que detém títulos como o Jornal de Negócios, o Record, a TV Guia, a Máxima, a Vogue, o Destak, a Sábado, o Correio da Manhã e a CMTV), está em curso um despedimento colectivo que visa, nas palavras dos proprietários, «ajustar as equipes da imprensa escrita para ajustar a sua actividade às tendências do mercado». A justificação apresentada – quebras de 0,7 por cento nas receitas operacionais e «ligeira» nos lucros – não colhe, sendo que as primeiras se situam nos 100 milhões e os segundos em 4,3 milhões.

Direitos na roleta

No caso do grupo Impresa (Expresso, Visão, Blitz, Caras, SIC), os 20 despedimentos agora em desenvolvimento, «nomeadamente na SIC (em que o afastamento de várias trabalhadoras foi conhecido, acintosamente, no Dia Internacional da Mulher), evidenciam um despedimento colectivo», realça o PCP, considerando que este se desenvolve de forma gradual para «tentar minorar a condenação da opinião pública». Em Novembro, na Visão, foram despedidos 20 trabalhadores.

Uma vez mais as justificações apresentadas pelo grupo empresarial se prendem com o «reforço» e «consolidação» das audiências, o que, para o PCP, nem sequer se confirma. O que se sabe é que o grupo Impresa obteve cerca de 3,7 milhões de euros de lucros em 2016, apesar de uma alegada quebra relativamente a 2015. Ou seja, denuncia o Partido, «são os trabalhadores a pagar, como estagiários, com a precariedade e os baixos salários e com despedimentos injustificáveis, a recuperação da massa de lucros dos accionistas e o desenvolvimento de futuros negócios».

O PCP alerta ainda para a tendência existente para tornar «descartáveis» os jornalistas e restantes trabalhadores da comunicação social, que vêem o seu direito ao trabalho «jogado na roleta dos interesses dos grandes accionistas».




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